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Diálogo sobre: Taquiarritmia Regular de QRS Estreito
CardioDoc: Aluno CardioDoc, hoje vamos aprofundar nosso entendimento sobre o manejo de taquiarritmias regulares de QRS estreito, guiando-nos pela Diretriz Europeia de 2019. Vamos começar discutindo as opções terapêuticas com base no estado hemodinâmico do paciente. Qual é a primeira linha de tratamento para pacientes hemodinamicamente instáveis?
Aluno CardioDoc: Para pacientes instáveis com taquiarritmia de QRS estreito, a cardioversão de corrente contínua (sincronizada) imediata é indicada. A energia recomendada varia, mas geralmente começa com 50-100 joules para taquiarritmias supraventriculares.
CardioDoc: Correto. E para os pacientes estáveis?
Aluno CardioDoc: Em pacientes estáveis, as manobras vagais, como a manobra de Valsalva, são recomendadas inicialmente. A manobra de Valsalva modificada, em particular, aumenta as taxas de sucesso de conversão para 43% em comparação com 17% para a técnica padrão.
CardioDoc: Excelente ponto. E se as manobras vagais não forem eficazes?
Aluno CardioDoc: A adenosina é a primeira escolha de medicamento. A dose inicial é de 6 mg administrada em bolus rápido, seguida por um flush salino. Se não houver resposta, uma dose subsequente de 12 mg pode ser administrada. Uma terceira dose de 18 mg pode ser considerada, sempre observando a tolerabilidade e os efeitos colaterais no paciente.
CardioDoc: Muito bem. E quais são as precauções e efeitos colaterais da adenosina?
Aluno CardioDoc: A adenosina pode causar dispneia transitória, rubor facial, dor no peito e, raramente, bradicardia prolongada. Deve-se ter cautela em pacientes com doença do nó sinusal ou asma. É importante notar que a adenosina tem uma meia-vida plasmática muito curta, permitindo administrações repetidas com segurança em curtos intervalos.
CardioDoc: E sobre outras opções de tratamento para pacientes estáveis?
Aluno CardioDoc: Bloqueadores dos canais de cálcio não diidropiridínicos, como verapamil e diltiazem, são alternativas. Verapamil é administrado na dose de 0,075-0,15 mg/kg (média de 5-10 mg) ao longo de 2 minutos, e diltiazem na dose de 0,25 mg/kg (média de 20 mg) também ao longo de 2 minutos. No entanto, ambos estão associados a um risco de hipotensão e devem ser evitados em pacientes com instabilidade hemodinâmica ou insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (<40%).
CardioDoc: E quanto aos betabloqueadores?
Aluno CardioDoc: Betabloqueadores, como esmolol e metoprolol, são úteis. No entanto, é importante mencionar que o esmolol, um betabloqueador de ação curta, e o etripamil, um bloqueador dos canais de cálcio de ação curta administrado intranasalmente, não estão disponíveis no Brasil. O metoprolol pode ser administrado em doses de 2,5-15 mg i.v. em bolus de 2,5 mg. Betabloqueadores são contraindicados em pacientes com insuficiência cardíaca descompensada.
CardioDoc: Excelente síntese, Aluno CardioDoc. Sua compreensão das diretrizes e das opções terapêuticas é impressionante. Lembre-se sempre de considerar o perfil do paciente ao escolher o tratamento mais adequado.
Aluno CardioDoc: Obrigado, CardioDoc. A Diretriz Europeia de 2019 oferece uma base sólida para o manejo desses pacientes, e vou me esforçar para aplicar esses conhecimentos na prática.
Este diálogo baseado na Diretriz Europeia de 2019 para o manejo de pacientes com taquiarritmias regulares de QRS estreito, destaca a importância de avaliar o estado hemodinâmico do paciente para determinar a abordagem terapêutica adequada. Discute-se a utilização de manobras vagais, adenosina, bloqueadores dos canais de cálcio e betabloqueadores, com ênfase nas doses recomendadas, precauções, efeitos colaterais e a indisponibilidade de certos medicamentos no Brasil. Este diálogo reforça a necessidade de uma abordagem individualizada e baseada em diretrizes para otimizar o tratamento de taquiarritmias supraventriculares.
Referência: https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehz467